Nicholas Batzig 06 de Outubro de 2016 - Vida Cristã
Recentemente, recebi uma carta de um
casal de nossa congregação que tem trabalhado pela causa do evangelho no
Congo durante a maior parte de suas vidas. Ao lê-la, uma linha em
particular me chamou a atenção. “Nós oramos”, escreveram eles, “para que
todos nós aprendamos a amar, perdoar e aceitar mais uns aos outros no
tempo que Deus nos dá”.
Este é um dos pedidos mais importantes
que qualquer um de nós poderia fazer a Deus. O Senhor chama os crentes a
amar, perdoar e aceitar uns aos outros, precisamente porque ele nos
amou, perdoou e aceitou em Cristo. Essa é uma das verdades mais
importantes que emerge em quase todas as seções de aplicação das cartas
do Novo Testamento. É fundamental para o ensino do apóstolo Paulo, e não
menos em Romanos, talvez a sua maior carta, do que em Efésios,
Filipenses e Colossenses. O apóstolo responsabilizou a igreja em Roma
com esta verdade quando escreveu: “Portanto, acolhei-vos uns aos outros
como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus” (Romanos 15.7).
Não deveria ser surpresa para nós
encontrarmos esta aplicação em uma carta tão cheia da verdade sobre como
Deus justifica e aceita, gratuitamente, por sua graça, aqueles que
creem em Cristo. Já que Deus nos recebeu para si mesmo em Cristo,
devemos receber uns aos outros. No entanto, o contexto mostra que pode
haver uma deficiência pecaminosa de tal recepção e acolhimento de outras
pessoas no âmbito de uma igreja local.
Curiosamente, além da questão de justiça
própria, o apóstolo lida apenas com outro problema pastoral na Igreja
em Roma. Dizia respeito aos membros mais fracos e mais fortes se
recusarem a aceitar uns aos outros. Aqueles com consciências fortes e
biblicamente orientadas estavam desprezando os fracos que não tiveram
suas consciências articuladas com o ensino bíblico sobre sua liberdade
para comer e beber. Aqueles cujas consciências eram fracas com respeito a
comida e bebida estavam julgando aqueles cujas consciências eram
fortes. Paulo resumiu o problema quando escreveu: “Quem come não
despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque
Deus o acolheu” (14.3).
Enquanto as disputas sobre comida e
bebida podem ser ou não proeminentes em nossas comunidades hoje, a
questão de desprezar e julgar os outros em uma comunidade é um dos
problemas perenes aos quais todos nós somos suscetíveis. Muitas vezes,
só estamos dispostos a oferecer aceitação para um grupo seleto. Na nossa
carne, temos a propensão de fazer amizade apenas com aqueles que
pensamos ter virtudes que acreditamos que estão em nós mesmos ou que
queríamos que fosse verdade sobre nós mesmos. Convencemo-nos de que só
temos que aceitar aqueles com valores semelhantes ou virtudes aparentes.
No entanto, isso não é aceitação, é afinidade. Enquanto ensinava a seus
discípulos esse princípio, nosso Salvador perguntou: “E, se saudardes
somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios
também o mesmo?” (Mateus 5.47).
O evangelho nos cura de nossa propensão
pecaminosa por mostrar um tratamento preferencial ao selecionar os
crentes (Tiago 2.8-13). Quando nos lembramos de que nos tornamos
recebedores da graça de Deus por virtude da morte sacrificial de Jesus,
vamos querer estender graça para outros crentes. Quando reconhecemos que
Jesus morreu por nós quando éramos completamente desagradáveis e
contrários a ele (Romanos 5.6-11), a fim de nos reconciliar com Deus
através de sua morte expiatória e propiciatória pelo nosso pecado,
ficamos ansiosos para acolher a todos “por quem Cristo morreu” (14.15).
Quando damos atenção ao fato de que “Cristo não se agradou a si mesmo”,
antes, tomou sobre si as injúrias com que ultrajavam a Deus (15.3),
tornamo-nos zelosos em suportar as fraquezas e falhas dos outros para o
bem deles.
O acolhimento que recebemos de Cristo é
um acolhimento que ama, perdoa, edifica e cresce. Que Deus nos dê a
graça de acolher todos os outros crentes, já que ele tem nos acolhido em
comunhão consigo mesmo pela morte sacrificial de Cristo na cruz.
Revisão: Yago Martins
Original: Welcome One Another
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário