
Quando nossas esperanças são
frustradas
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Problemas da VidaQuando nossas esperanças são frustradas
*O trecho abaixo foi extraído com
permissão do Livro Depressão e Graça, de Wilson Porte Jr, Editora Fiel.
É praticamente impossível definir
certas virtudes presentes no cristianismo. Como definir o amor? Como definir
graficamente o perdão? E, entre tantos outros benefícios que o Espírito Santo
traz ao coração dos que amam a Deus, a esperança talvez seja a mais difícil de
se definir.
Os brasileiros costumam dizer que
“a esperança é a última que morre”. Esperança é a palavra que muitos usam na
política para angariar votos. Esperança é a palavra mais usada pelas religiões.
Todavia, hoje em dia, há um grande número de pessoas em depressão por causa de
alguma esperança frustrada.
A esperança está sempre ligada ao
futuro. E, como o futuro de tudo e de todos é incerto, a esperança sempre
estará ligada ao indescritível. Todos nós precisamos dela. Todos, em alguma
medida, lidamos com a esperança ou com sua ausência. E, assim, todos devemos
compreender o que a Sagrada Escritura diz sobre nossa segurança quanto ao
futuro.
Esperança é o ato de esperar. E
esperar não é fácil! Ainda mais quando se espera tanto por algo que, depois de
um longo tempo, acontece de uma forma completamente diferente daquela que
sonhamos ou imaginamos. Nesse momento, ficamos frustrados… “a esperança é a
última que morre”, mas, para alguns, aparentemente já morreu.
Frustrando-se com quem você menos
imagina
Uma história na Bíblia sobre
esperança frustrada sempre me chamou muito a atenção. Ela nos fala de dois
jovens que nutriam grande esperança quanto à vida e ao ministério de Jesus, mas
que, no dia da crucificação, tudo acabou se desmoronando. Eles imaginavam que
Jesus Cristo libertaria os judeus do jugo do Império Romano. Esperavam que o
Messias fosse um grande libertador nacional. Seguiram-no, confiaram nele e,
sinceramente, esperavam que a vida dele não terminasse daquela forma: recebendo
a pior e mais terrível pena de morte da época: a crucificação. Leia atentamente
essa história e veja como o Senhor lhes abriu os olhos para que compreendessem
a verdadeira esperança que Deus deseja que todos nós tenhamos.
Naquele mesmo dia, dois deles
estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém
sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas.
Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e
ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.
Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando
à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado
Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em
Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou:
Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão
profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como
os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser
condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem
haveria de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia
desde que tais coisas sucederam. É verdade também que algumas mulheres, das que
conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e, não
achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os
quais afirmam que ele vive. De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e
verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram. Então,
lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer em tudo o que os
profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse
na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Quando se aproximavam da aldeia
para onde iam, fez ele menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram,
dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar
com eles. E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o
e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o
reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao outro: Porventura,
não nos ardia o coração quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos
expunha as Escrituras? E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para
Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles, os quais diziam: O
Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão! Então, os dois contaram o que lhes
acontecera no caminho e como fora por eles reconhecido no partir do pão.
Falavam ainda estas coisas quando
Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco! Eles, porém,
surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas ele lhes
disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração?
Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai,
porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo
isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, por não acreditarem eles ainda, por
causa da alegria, e estando admirados, Jesus lhes disse: Tendes aqui alguma
coisa que comer? Então, lhe apresentaram um pedaço de peixe assado [e um favo
de mel]. E ele comeu na presença deles.
A seguir, Jesus lhes disse: São
estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava que se
cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e
lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar
dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento
para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois
testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai;
permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
Então, os levou para Betânia e,
erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se
retirando deles, sendo elevado para o céu. Então, eles, adorando-o, voltaram
para Jerusalém, tomados de grande júbilo; e estavam sempre no templo, louvando
a Deus. (Lc 24.13-53)
Esse evento teve lugar no dia em
que Cristo ressuscitou, no primeiro dia de um novo mundo que ressuscitou com
ele. No entanto, as bênçãos desse novo mundo estavam atadas a um grupo muito
pequeno que havia seguido e aprendido com Jesus de Nazaré. E, mesmo entre
estes, a esperança que tinham sobre esse novo mundo foi frustrada quando o
grande libertador e Messias acabou sendo morto da maneira mais trágica possível
no primeiro século da era cristã.
Esperanças frustradas
Esse texto nos apresenta a
história de dois jovens cujas esperanças haviam sido frustradas naquele dia.
Eles estavam tristes. Haviam sido discípulos de Jesus, cheios de esperança de
que ele seria aquele que devolveria a Israel um reino independente e soberano.
Pois Cristo era tido por muitos como aquele que devolveria o reino a Israel.
Cristo havia falado sobre o reino. Havia feito milagres e ensinado coisas que o
apontavam como o Messias esperado. Havia uma grande expectativa sobre o
Nazareno. Todavia, quando o viram crucificado, pairou a seguinte dúvida: será
ele mesmo o filho de Deus que viria ao mundo? Não era ele quem restauraria o
reino em Israel? E como, então, fora crucificado, morto e sepultado?!
Com a morte de Cristo, muitos se
frustraram e se entristeceram. Até os onze apóstolos ficaram cheios de dúvida e
medo de acabarem mortos também. É quando Cleopas e seu amigo estão a caminho
para a pequena aldeia chamada Emaús, que ficava a pouco mais de onze
quilômetros de Jerusalém. Enquanto caminhavam, dizem as Escrituras, o próprio
Jesus aproximou-se deles e começou a acompanhar a conversa, perguntando-lhes:
“Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós?”. E, nesse momento,
Cleopas para e, muito entristecido (v.17), e estranhando sua pergunta,
responde: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que
nela têm sucedido nestes dias?”. E, Jesus, chamando-os para a conversa,
pergunta: “Quais?”.
Daí, então, percebemos a tristeza
de Cleopas e seu amigo por causa de uma esperança frustrada. No verso 21, eles
confessam o que esperavam do tal Jesus de Nazaré: “Ora, esperávamos que fosse
ele quem havia de remir Israel”. Porém, já era domingo, e Jesus fora
crucificado na sexta-feira, às nove da manhã. Às três da tarde, estava morto,
sendo rapidamente sepultado antes das seis da tarde. Era domingo de Páscoa! O
próprio Jesus ressuscitado estava ali ao lado deles, e eles não se deram conta
disso. Com frequência, eventos que parecem ser devastadores são fundamentais
para a ação e o propósito de Deus em nossas vidas.
Após exporem àquele peregrino
desconhecido sobre o que havia acontecido em Jerusalém naqueles últimos dias, e
a razão pela qual estavam tão tristes e frustrados, Jesus lhes diz:
Ó néscios, e tardos de coração
para crerdes em tudo o que os profetas disseram! Porventura não importa que o
Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por
Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as
Escrituras.
Foi assim que teve início a
pregação mais fantástica de toda a história da humanidade. O próprio Jesus
pregou para uma audiência de duas pessoas sobre si mesmo, o Messias, expondo,
durante horas, todo o Antigo Testamento. Quanto eu gostaria de ter estado ali,
ouvindo a voz doce e suave do Redentor, e ter meu coração aquecido por palavras
tão puras, tão santas, tão libertadoras e tão sábias!
Mas, dentro dos propósitos de
Deus, a pregação daquele dia estava destinada apenas àqueles dois jovens
frustrados. E, assim, ambos ouviram tudo com muita atenção, até chegarem ao seu
destino. Não sei se você já conhecia essa história e se já havia parado para
pensar em suas implicações. Vamos refletir um pouco mais.
Uma pregação mais do que
fantástica!
Deve ter sido a pregação mais
fantástica de toda a história. Jesus, pregando em todo o Antigo Testamento,
para aqueles dois apenas ouvirem! Que maravilhoso deve ter sido para aqueles
jovens ouvirem da boca do próprio Cristo a mensagem da salvação! E Lucas nos
diz que, quando eles estavam se aproximando de Emaús, Jesus simulou que
caminharia para mais longe. Os discípulos, porém, insistiram para que ele
ficasse, jantasse e dormisse na casa deles. E Jesus aceitou. Assim, na hora da
refeição, após Jesus ter dado graças pelo alimento, os olhos de ambos foram
“abertos” para perceberem que aquele peregrino era o próprio Jesus que havia
sido morto. E, então, Jesus desapareceu.
Eles correram de volta os onze
quilômetros até Jerusalém para contar tudo isso aos onze apóstolos e, enquanto
contavam, eis que Jesus novamente apareceu no meio deles, deixando a todos com
um misto de medo, alegria e espanto. Agora não havia mais dúvida para ninguém:
Jesus havia ressuscitado!
Da mesma forma que aqueles
discípulos no caminho de Emaús, também nós não estamos livres de nos
frustrarmos com esperanças e expectativas em nossa vida espiritual. Deus nos
deixou muitas promessas. E nós, quando as conhecemos, agarramo-nos a todas. E,
como as promessas de Deus para nós são de vida eterna, abundante, maravilhosa,
às vezes não entendemos o porquê das dificuldades e dos sofrimentos.
Depressão e Graça
O Cuidado de Deus diante do
sofrimento de seus servos
Embora não encontremos na Bíblia
a moderna palavra depressão, vemos seus sintomas nas histórias de homens e
mulheres de Deus que experimentaram angústias e sofrimentos. Neste livro
repleto de sabedoria e sensibilidade pastoral, Wilson Porte Jr. apresenta ao
leitor um cuidadoso estudo bíblico que aponta casos típicos de depressão na
vida de servos de Deus nas Escrituras e como eles se viram aliviados de seu
sofrimento pela provisão da graça de Deus.
Confira
Por: Wilson Porte. © Editora
Fiel. Website: editorafiel.com.br. Extraído com permissão do livro: Depressão e
Graça.
Original: Quando nossas
esperanças são frustradas. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com.
Todos os direitos reservados.
Wilson Porte Jr. é Bacharel em
teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e mestre em teologia-histórica
pelo Centro de Pós Graduação Andrew Jumper (CPAJ) da Universidade Mackenzie.
Pastoreia a Igreja Batista Liberdade, em Araraquara, e é professor no Seminário
Martin Bucer e na Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares, na qual
ministra a disciplina História da Igreja.
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