Owen Strachan 13 de Outubro de 2016 - Vida Cristã
Nosso mundo tem uma relação estranha com a autoridade. Vimos isso no movimento “Occupy”#1
de alguns anos atrás. Formalmente, todos tinham o mesmo papel, mas,
inevitavelmente, “vozes de liderança” apareceram e garantiram que todas
as vozes contraculturais cantassem no mesmo tom. Acontece que há uma
grande ironia quando todo mundo acaba seguindo o principal dissidente.
Os cristãos modernos tiveram a sua
própria luta para compreender a autoridade. Uma das passagens mais
frequentemente mal entendidas nas Escrituras, por exemplo, é Efésios
5.21, onde Paulo diz: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de
Cristo”. Alguns comentadores têm entendido que esse versículo chama à
“sujeição mútua”, de forma que maridos e esposas se coloquem sob a
autoridade um do outro.
Efésios 5.21 realmente chama os crentes a
reconhecer e respeitosamente seguir autoridades ordenadas por Deus.
Onde quer que você encontre uma autoridade legítima, Paulo está dizendo,
siga-a. Esta visão lança luz sobre a passagem que se segue. Efésios
5.22-33 ensina que Deus chama a mulher para se submeter a seu marido e o
homem para amar sua esposa. A mulher é imagem da igreja, que honra a
Cristo como a sua autoridade (v. 22-24); o homem é imagem de Cristo, que
com sacrifício próprio lidera e provê para sua noiva (v. 25-28).
Muito mais do que necessidades sentidas,
linguagem de amor ou preferências pessoais, estas são as palavras mais
importantes no universo para a construção de um casamento que glorifica a
Deus. O marido, como Cristo, é o cabeça de sua esposa. Sua esposa
reconhece essa liderança e responde gentilmente o seguindo, assim como a
igreja não governa ou lidera Jesus, mas o segue por todo o caminho até a
glória.
Sabemos que esta interpretação faz
sentido porque os versículos iniciais do capítulo 6 descrevem um segundo
relacionamento baseado na dinâmica de autoridade e submissão. Os filhos
devem “obedecer” a seus pais (Efésios 6.1). Este papel inegociável
depende do reconhecimento e resposta à autoridade constituída por Deus.
Efésios 5.22-33 e 6.1-4 estão conectados; eles desvelam o princípio de
Efésios 5.21, mostrando como os crentes podem agir em relação a ele.
Estamos em seguro fundamento bíblico aqui. Sem exceção, a palavra grega para “submissão”, hupotassõ,
sempre sinaliza obediência à autoridade dada por Deus. Jesus se
submeteu à autoridade de seus pais (Lucas 2.51), os demônios se
submetiam aos discípulos (Lucas 10.17), cidadãos estão sujeitos a
autoridades do governo (Romanos 13.1, 5), o universo está sujeito a
Cristo (1Coríntios 15.25; Efésios 1.22), Cristo está sujeito a Deus, o
Pai (1Coríntios 15.28), e assim poderíamos continuar.
Como podemos ver, os crentes recebem bem
a oportunidade de se submeterem aos líderes legítimos. Submissão
bíblica nunca significa uma obediência robótica, sem pensar. Ela
significa, de fato, o oposto: um compromisso alegre, de todo o coração
para seguir uma figura digna. Submissão não depende de um desempenho
perfeito, tampouco. Enquanto membros da igreja chamados para nos
sujeitarmos aos líderes da igreja, por exemplo, perceberemos o pecado na
vida dos nossos líderes (1Coríntios 16.15-16; 1Pedro 5.5).
Submissão à autoridade constituída por
Deus não vem e vai. É a própria essência da fé e discipulado cristão.
Quando nos arrependemos e cremos, não fazemos nada além de confessar a
um Deus santo: “você está certo e eu estou errado, submeto-me a você”. A
postura fundamental de um crente para com Deus é a submissão (Hebreus
12.9; Tiago 4.7).
O lar e a igreja são campos feitos por
Deus em que a submissão pode florescer. No lar, os homens devem liderar,
e as mulheres devem compreensivamente incentivar e acolher esta
liderança. Submissão não começa apenas quando uma decisão é tomada, mas
muito antes. Na igreja, os membros devem se submeter aos mais velhos,
abraçando essa liderança de bom grado.
Em ambos os contextos, a submissão não é
mero acordo no ponto final de um processo de tomada de decisão.
Tampouco é uma carta de trunfo que os maridos e os mais velhos podem
jogar quando quiserem. É uma realidade para toda a vida, uma postura,
uma abordagem e um privilégio fantástico. Se o próprio Jesus alegremente
se submeteu a seu Pai, mesmo quando a submissão exigia que ele
morrresse pela igreja, como poderíamos não seguir contentes o exemplo?
Como não se submeter a Deus e honrar a dinâmica de autoridade e
submissão de sua Palavra ao longo de nossas vidas?
Sabemos que isso soa como a morte aos
ouvidos modernos. Para aqueles que receberam o dom da audição, no
entanto, a oportunidade de se submeter a Deus é a própria palavra de
vida.
#1 Movimentos de ocupação e protesto contra a desigualdade econômica e social que começaram em Wall Street, Nova Iorque, e que declarava não possuir líderes constituídos. (N.T.)
Revisão: Yago Martins
Original: Submit to One Another
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