Scott Swain 08 de Setembro de 2016 - Jesus Cristo
“O que há em um nome?”, reflete
Julieta. “Isso que nós chamamos rosa, teria o mesmo cheiro doce com
outro nome”. O sentimento da filha de Capuleto é certamente verdadeiro
em algum nível. Mas o mesmo não pode ser dito do nome aplicado a Jesus
em João 3.16. A identidade de Jesus como “Filho unigênito” de Deus tão
docemente amplia a nossa compreensão deste versículo que, sem este nome,
o evangelho perde sua fragrância.
O Filho unigênito de Deus
“Filho unigênito” descreve a relação
filial de Jesus, como a segunda pessoa da Trindade, para com o Pai. Qual
é a natureza dessa relação? A relação do Filho unigênito com Pai é
eterna: “No princípio”, antes da encarnação, antes da criação, ele
“estava com Deus” (João 1.1). A relação do Filho unigênito com o Pai é
uma relação de igualdade: o Filho que existe eternamente com Deus “era
Deus” (v. 1). A relação do Filho unigênito com Pai é única: ainda que
Deus queira chamar muitos “filhos” para sua família através da adoção
(João 1.12), o Filho unigênito não pertence à mesma classe dos filhos e
filhas que são criaturas de Deus. Ele, ao contrário de nós, é o Filho de
Deus por natureza. Ele habita eternamente ao lado do Pai (João 1.18,
cf. 13.23), separado de todo o resto, como o especial objeto de amor e
carinho do Pai, seu tesouro mais precioso (João 17.24).
O sacrifício do Filho unigênito de Deus
A apresentação de Jesus como o “Filho
unigênito” de Deus o identifica como o supremo objeto de afeto do Pai:
“o Pai ama o Filho” (João 3.35). Embora Deus tenha criado o mundo muito
bom, através do pecado esse mundo se tornou objeto da ira e condenação
eternas de Deus (João 3.18-19, 36). Em meio a esta situação perigosa,
João 3.16 proclama a natureza surpreendente do amor de Deus pelos
pecadores indignos: “Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu
Filho unigênito”. Como Abraão demonstrou sua suprema reverência a Deus
através de sua disposição de sacrificar seu “filho único” Isaque
(Gênesis 22.2,12,16), assim Deus prova o seu amor surpreendente por nós,
dando seu único Filho para ser “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo” (João 1.29, 36; 3.17-18; Romanos 5.6-10; 8.32).
O hino, com razão, se admira: “Que
maravilhoso amor é este que fez o Senhor de bem-aventurança suportar a
terrível maldição pela minha alma?”#1. Que maravilhoso
amor, de fato, que a primeira pessoa da Trindade deu a segunda pessoa da
Trindade para resgatar os seus inimigos da morte. Mas as maravilhas não
param por aí.
A vida eterna no Filho unigênito de Deus
O Pai deu o seu Filho, não apenas para
carregar a nossa condenação, mas também para conferir a “vida eterna”
(João 3.16). A identidade de Jesus como “Filho unigênito” de Deus
determina também a natureza deste presente: “Deus nos deu a vida eterna,
e esta vida está no seu Filho” (1João 5.11; cf. João 20.31). O Pai, que
ama o Filho suprema e eternamente, que deu o seu Filho amado como um
sacrifício pelos pecadores, mostra seu propósito de amor por nós ao nos
unir ao seu Filho unigênito, dando-nos “o poder de serem feitos filhos
de Deus” (João 1.12).
Em sua oração sacerdotal, Jesus descreve
o caráter da vida eterna que recebemos nele como filhos e filhas
adotivos de Deus. Antes da criação, o Filho unigênito habitava ao lado
do Pai como o supremo objeto de seu amor e afeto. Como consequência da
sua obra redentora, o Filho unigênito ora para que também nós habitemos
com ele ao lado do Pai: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou,
estejam também comigo os que me deste”. Ele ora para que vejamos o amor
de seu Pai: “para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me
amaste antes da fundação do mundo” (João 17.24). E ele ora para que
compartilhemos o amor de seu Pai: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome e
ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja
neles, e eu neles esteja” (v. 26).
O que há em um nome? O nome do Filho
unigênito de Deus em João 3.16 é como um unguento derramado (Cantares
1.3): ao mesmo tempo um sacrifício dispendioso e um aroma de vida para
vida. Com razão, podemos desfrutar e cantar o seu nome.
#1 “What wondrous love is this”, hino tradicional. Em português, “Maravilhoso amor” [N.T.]
Revisão: Yago Martins
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