Você já se perguntou por que o perdão
de Deus possui algum valor? E quanto à vida eterna? Você já se
perguntou por que você quer a vida eterna? Estas questões são
importantes porque é possível querer o perdão e a vida eterna por razões
que podem indicar que você não os possui.
Tome o perdão, por exemplo. Você pode
querer o perdão de Deus por estar muito infeliz com sentimentos de
culpa. Você só quer alívio. Se você puder crer que ele te perdoa, poderá
ter algum alívio, mas não necessariamente a salvação. Se você quer o
perdão só por causa do alívio emocional, você não terá o perdão de Deus.
Ele não o dá a quem o usa apenas para obter seus dons, mas não a ele
mesmo.
Ou você pode querer ser curado de uma
doença, ou conseguir um bom emprego, ou encontrar um cônjuge. Então você
ouve que Deus pode ajudá-lo a obter essas coisas, mas que primeiro os
seus pecados devem ser perdoados. Alguém lhe diz para crer que Cristo
morreu pelos seus pecados, e que se você crer nisso, seus pecados serão
perdoados. Então você crê apenas para remover o obstáculo à saúde, ao
emprego e ao cônjuge. Isso é a salvação do evangelho? Acho que não.
Em outras palavras: importa, sim, o que
você espera por meio do perdão. Importa por qual motivo você o quer. Se
você quer o perdão só por uma questão de desfrutar a criação, o Criador
não é honrado e você não é salvo. O perdão é precioso por uma razão
definitiva: ele permite que você desfrute de comunhão com Deus. Se você
não quer perdão por essa razão, você não irá tê-lo de forma alguma. Deus
não será usado como moeda para a compra de ídolos.
Semelhantemente, por que queremos a vida
eterna? Pode-se dizer que é porque o inferno é a alternativa, e isso é
doloroso. Ou pode-se dizer que é porque não haverá nenhuma tristeza lá.
Ou porque nossos entes queridos foram para lá, e queremos estar com
eles. Ou pode-se sonhar com sexo ou comida sem fim. Ou ainda, buscar
fortunas mais nobres. Em todos estes alvos, uma coisa está faltando:
Deus.
O motivo salvador para querer a vida
eterna é dado em João 17.3: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Se não
queremos a vida eterna porque ela significa alegria em Deus, então não
teremos vida eterna. Simplesmente nos enganamos que somos cristãos se
usamos o glorioso evangelho de Cristo para obter o que amamos mais do
que Cristo. A “boa nova” não se mostrará boa para ninguém que não tenha
Deus como o bem maior.
Jonathan Edwards apresenta isso desta
maneira em seu sermão “Deus Glorificado na dependência do homem”,
pregado em 1731. Leia isto lentamente e deixe-o acordar você para o
verdadeiro bem do perdão e da vida.
Os redimidos têm todo o seu bem objetivo
em Deus. O próprio Deus é o grande bem que recebem a posse e o gozo
através da redenção. Ele é o bem mais elevado, e a soma de todo o bem
que Cristo adquiriu. Deus é a herança dos santos; ele é a porção de suas
almas. Deus é a sua riqueza e tesouro, seu alimento, sua vida, sua
morada, o seu ornamento e diadema, e sua honra e glória eterna. Eles não
têm a ninguém no céu senão Deus; ele é o grande bem no qual os
resgatados são recebidos na morte, e para o qual eles se levantarão no
fim do mundo. O Senhor Deus, ele é a luz da Jerusalém celestial, e é o
“rio da água da vida” que corre, e a árvore da vida que cresce “no meio
do paraíso de Deus”. A gloriosa excelência e beleza de Deus será o que
para sempre entreterá a mente dos santos, e o amor de Deus será o seu
banquete eterno. Os remidos, de fato, desfrutarão de outras coisas; eles
apreciarão os anjos, e desfrutarão uns dos outros; mas o que eles
desfrutarão nos anjos, ou no outro, ou em qualquer outra coisa que seja,
que irá render-lhes prazer e felicidade, será o que de Deus será visto
neles.
O evangelho é, em última análise, a
respeito de Deus. Só ele é o autor e alvo da salvação. A boa notícia de
João 3.16 é que Deus é o fim principal do evangelho. Ele amou o mundo de
tal maneira não apenas para nos dar perdão ou vida eterna, mas para nos
dar algo ainda maior: a si mesmo.
Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira
Revisão: Yago Martins
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