Outro dia eu escrevi sobre o neopentecostalismo brasileiro e a sua alma católica (leia aqui).
Hoje, eu tratarei de um assunto que se tornou comum entre os
evangélicos que são as "romarias" (1) feitas a cidade de Jerusalém.
Antes que eu seja apedrejado, vale a
pena ressaltar que não condeno aqueles que viajam a Israel com o desejo
de conhecer o país, além é claro de visitar os lugares históricos
narrados e descritos pelas Escrituras. Na verdade, eu bem sei que
seminários, faculdades teológicas e até mesmo igrejas tem ido a Israel
para conhecerem em loco, não somente a história, mas a geografia
do país. A minha questão não é essa, nem tampouco o meu texto é dirigido
a este grupo de pessoas. Muito pelo contrário, incentivo a todos
aqueles que podem, a viajar a terra de Abraão, Isaque e Jacó ampliando
assim seu conhecimento histórico das narrativas bíblicas.
O texto em questão foi escrito para
aqueles que tem feito de Israel um tipo de "Roma" evangélica, onde Deus
de forma especial abençoa aqueles que visitam Jerusalém.
Lamentavelmente, nessa perspectiva,
tenho visto pastores ensinando que todo crente precisa visitar a
Israel, pois aqueles que o fazem recebem de Deus uma bênção especial, e
que conhecer as Escrituras é bom, mas, conhecer os lugares bíblicos é
muito melhor e etc. Junta-se a isso o fato de que assim como no
Catolicismo da idade média, os que promovem tais romarias, agem
comercializando "objetos sagrados" como "água do Rio Jordão, Azeite de
Jerusalém, sal ungido proveniente do Mar Morto, e muito mais." Para
piorar a situação, existem pastores que orientam aos "romeiros" a
passarem novamente pelas águas do batismo, visto que batizar-se nas
águas do Rio Jordão é incomparavelmente melhor do que ser batizado na
igreja.
Caro leitor, as "romarias
evangélicas" à Jerusalém apontam para o nível de apedeutismo da igreja
brasileira, bem como a "catolização" dos evangélicos tupiniquins. Em
nome de uma fé sincretizada, miscigenada, bem como absorta em
misticismo, muitos tem sido ludibriados por ensinos absolutamente
anti-bíblicos e cristãos.
Ora, as Escrituras não nos
incentivam ou até mesmo ensinam que todo cristão deve visitar Jerusalém
na expectativa de ser abençoado. A Palavra de Deus não nos orienta a
adquirirmos objetos ungidos e mágicos oriundos de Jerusalém na
expectativa de milagres aconteçam. A Bíblia não ensina que aqueles que
são batizados nas águas do Rio Jordão, são mais cheios do Espírito Santo
do que aqueles que foram batizados em outro lugar qualquer. Muito pelo
contrário, são chamados a vivermos por e pela fé e não por aquilo que
vemos, sentimos ou apalpamos.
Isto
posto, chego a conclusão que mais do que nunca necessitamos voltar as
ESCRITURAS. Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de
Deus está na Bíblia, e de que ela é o escudo que nos protege do erro,
portanto, em tempos difíceis como o nosso onde o sincretismo se
multiplica a olhos vistos precisamos regressar à Palavra de Deus,
fazendo dela nossa única regra de fé, prática e comportamento.
Soli Deo Gloria,
Renato Vargens
(1) A palavra Romaria tem origem na peregrinação de fieis a Roma. A expressão traz a ideia de uma viagem a lugares santos e de devoção, empreendida por aqueles que desejam pagar promessas, rogar por graças ou revelar sua gratidão pelos desejos realizados. As pessoas normalmente se agrupam para realizar esta jornada e seguem a pé ou em veículos diferentes. No Nordeste do país é normal ver os romeiros utilizarem os paus-de-arara como meio de transporte.
http://renatovargens.blogspot.com.br/2016/04/as-romarias-evangelicas-jerusalem.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+renato_vargens+%28Renato+Vargens%29
Nenhum comentário:
Postar um comentário