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sábado, 26 de outubro de 2013

Diante da Porta Estreita – Dificuldades no caminho de crer

Diante da Porta Estreita – Dificuldades no caminho de crer

É POSSÍVEL que o leitor sinta alguma dificuldade em crer. Deixe-o considerar. Não podemos crer por um ato imediato. O estado da mente que descrevemos como acreditar é um resultado; a sequência alguns estados antigos da mente. Chegamos à fé por graus. Pode até haver algo como fé à primeira vista, mas, usualmente, chegamos à fé por estágios: ficamos interessados, consideramos, ouvimos evidências, somos convencidos e, então, somos levados a crer. Assim, se eu quero crer, mas por uma razão ou outra não consigo obter fé, o que eu devo fazer? Devo ficar parado como uma vaca contemplando uma nova porteira ou devo eu, como um ser inteligente, usar os meios próprios? Se quero crer em qualquer coisa, o que devo fazer? Vamos responder de acordo com as regras do senso comum.
Se me dissessem que o Sultão de Zanzibar[1] é um bom homem e se fosse algo de interesse para mim, eu não suponho que sentiria qualquer dificuldade em crer. Mas, por alguma razão, eu duvido disso e, ainda assim, desejaria acreditar na notícia, como deveria agir? Não deveria procurar toda a informação que está ao meu alcance sobre Sua Majestade e tentar, pelo estudo dos jornais e outros documentos, chegar à verdade? Melhor ainda, se acontecesse de ele estar neste país e eu pudesse vê-lo e mesmo conversar com membros de sua corte e cidadãos do seu país, eu seria grandemente ajudado a chegar a uma decisão por usar essas fontes de informação. Evidência comparada e conhecimentos obtidos levam à fé. É verdade que a fé em Jesus é dom de Deus, mas, ainda assim, Ele, usualmente, dá a fé de acordo com as leis da própria mente e daí nos é dito que “o crer vem pelo ouvir; e o ouvir, pela palavra de Deus”. Se você quer crer em Jesus, ouça sobre Ele, leia sobre Ele, pense nEle, conheça a Ele e, então, você achará fé brotando em seu coração, tal qual o trigo que surge através da humidade e do calor operando na semente que foi semeada. Se eu desejasse ter fé em certo médico, eu perguntaria às testemunhas de suas curas, desejaria ver os diplomas que certificam o seu conhecimento profissional e eu, ainda, gostaria de ouvir o que ele diz acerca de certos casos complicados. De fato, eu usaria meios para saber, a fim de que cresse.
Sem títuloOuçam bastante sobre Jesus. Milhares de almas chegaram à fé em Jesus pelo ministro que lhe apresenta clara e constantemente a Cristo. Poucos permanecem sem crer ouvindo um pregador cujo grande assunto é o Cristo crucificado. Não ouçam nenhum outro tipo de ministro. Há outros. Eu ouvi falar de um ministro que achou em sua Bíblia de púlpito um papel contendo este texto: “Senhor, queremos ver Jesus”. Vá ao local de adoração para ver Jesus e, se você não pôde nem ouvir a menção do Seu Nome naquele lugar, vá para outro aonde se pensa mais sobre Ele, e, portanto, sua presença se torna sensível.
Leiam bastante sobre Jesus. Os livros das Escrituras são os lírios que Ele alimenta. A Bíblia é a janela pela qual podemos olhar e ver nosso Senhor. Leia sobre a história de Seus sofrimentos e Sua morte com devotada atenção e, em pouco tempo, o Senhor fará a fé secretamente entrar na sua alma. A cruz de Cristo não só recompensa a fé, mas a faz começar. Muitos crentes podem dizer:

“Quando vi a ti, ferido, sofrendo,
Sem respirar na maldita árvore,
Logo vi meu coração crer
Tu sofreste ali por mim”.
Se ouvir e ler não forem suficientes, então, deliberadamente, determine à sua mente o trabalho de revisar a matéria e o realize. Ou você crerá, ou saberá a razão de não crer. Veja o assunto todo até o limite de suas capacidades e ore a Deus para que lhe ajude a fazer uma investigação completa para chegar a uma decisão honesta de uma forma ou outra. Considere quem Jesus era e se a constituição de Sua pessoa não lhe garante total confiança. Considere o que Ele fez e se esse não é outro bom motivo para confiança. Considere-O morrendo, levantando dos mortos, ascendendo aos céus e vivendo eternamente para interceder pelos transgressores e veja se isso não O capacita para ser alguém de quem você pode depender. Então clame a Ele e veja se Ele não lhe ouve. O bispo Usher queria saber se o puritano Rutherford era de fato um homem tão santo quando se dizia ser. Assim, Usher foi a casa de Rutherford vestido como um pedinte, ganhou um quarto e pôde ouvir o homem de Deus derramando seu coração diante do Senhor durante a noite. Se você puder conhecer a Jesus, chegue o quanto puder perto Dele para estudar Seu caráter e apelar para o Seu amor.
Houve um tempo em que eu precisei de evidências para crer no Senhor Jesus, mas agora, por experimentá-lo, O conheço tão bem que eu precisaria de muitas evidências contrárias para que começasse a duvidar. Agora, é mais natural para mim confiar do que descrer. Isso é o triunfo da nova natureza, pois não era assim no começo. A novidade da fé é, no início, uma fonte de fraquezas, mas ações de confiança consecutivas tornam a fé um hábito. Experiência traz forte confirmação à fé.
Sem título1Eu não estou perplexo com a dúvida, porque a verdade na qual acredito fez um milagre em mim. Por seus meios eu recebi e ainda tenho uma nova vida, para a qual eu antes fui um estranho. Isso é uma confirmação das mais fortes. Eu sou como o bom homem e sua mulher que mantiveram um farol por anos. Um visitante, que veio ver o farol, olhando para fora da janela a ira das águas, perguntou à boa mulher: “Você não fica com medo de noite, quando a tempestade está lá fora e as grandes ondas passam logo em volta da lanterna do farol? Você não teme que o farol e tudo que há nele, sejam levados? Estou certo de que teria medo de confiar em uma torre fina no meio das grandes ondas”. A mulher comentou que a ideia nunca lhe ocorrera. Ela havia vivido lá por tanto tempo que se sentia tão segura na rocha solitária quanto ela sempre se sentiu vivendo na terra firme. E acerca de seu marido, quando perguntado se ele não se sentia ansioso quando o vento provocava um furacão, ele respondeu: “Sim, eu fico ansioso para manter as lâmpadas bem seguras e a luz acesa, a fim de que nenhum barco naufrague”. O homem havia sobrevivido à ansiedade sobre a segurança do farol ou a sua própria segurança pessoal. Assim também ocorre com o crente crescido e maduro. Ele pode dizer humildemente: “Eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia”. Diante disso, que nenhum homem tente me inquietar com dúvidas e questionamentos, pois eu carrego em minha alma as provas da verdade e do poder do Espírito e não terei nenhum de seus raciocínios astutos. Para mim, o evangelho é verdade e se não fosse, eu estaria contente em perecer. Eu arrisco o destino eterno da minha alma sobre a verdade do evangelho e sei que não há nenhum risco nisso. Minha única preocupação é manter a luz acesa, para que eu possa beneficiar a outros. Que apenas o Senhor me dê óleo suficiente para alimentar minha chama e eu estarei bem contente.
Agora, homem insensato, se é no evangelho que seu ministro e muitos outros em quem você confia encontraram perfeita paz e descanso, porque você não encontraria? Está o Espírito do Senhor em dificuldades? As palavras Dele não fazem bem aos que andam na retidão? Você não tentará também a virtude que os salva?
O evangelho é todo verdadeiro, pois Deus é o seu Autor. Creia nele. O Salvador é totalmente capaz, pois Ele é Filho de Deus. Confie Nele. Seu precioso sangue é totalmente poderoso. Busque Seu perdão. O seu coração grandioso é totalmente amoroso. Corra para ele agora.
Eu insisto que você, leitor, busque a fé, mas se você não a deseja, o que mais posso fazer? Eu trouxe o cavalo à água, mas não posso fazê-lo beber. Todavia, lembre-se disso: incredulidade é intencional quando a evidência é apresentada no caminho do homem e ele se recusa a examiná-la cuidadosamente. Aquele que não deseja saber e aceitar a verdade deve culpar a si mesmo se morrer carregando uma mentira. É verdade que “quem crer e for batizado será salvo” e é igualmente verdade que “quem não crer já está condenado”.


[1] Zanzibar hoje é um território semi-independente pertencente a Tanzânia, no leste africano; porem, na época de Spurgeon, era parte do sultanato mulçumano de Omã, e quando esse livro foi escrito, 1890, o sultão era Khalifah bin Said
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“Diante da Porta Estreita” é uma tradução do site Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo Crucificado. Proibida a reprodução desse material sem citar o Projeto e proibida a venda em material impresso. Permitida a divulgação na net.

 http://www.projetospurgeon.com.br/

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